Folias de Reis agitam BH

Folias de Reis agitam BH

Estado de Minas - Gustavo Werneck

Fitas coloridas sobre a paisagem de concreto, música ritmada abafando o som das buzinas e muita dança para substituir os passos apressados do fim de tarde. No Dia de São Sebastião, celebrado ontem, 12 grupos de Folias de Reis, da capital e interior, encerraram o ciclo de festividades do Natal com uma apresentação na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte. Em seguida ao canto dos violeiros Júlio Marques e Quincas da Viola, os grupos, carregando a bandeira dos Reis Magos (Belchior, Baltazar e Gaspar), fizeram reverência e prestaram homenagens ao Menino Jesus, cuja imagem na manjedoura estava no quarteirão fechado da Rua Rio de Janeiro.

O primeiro grupo a se apresentar no 11º Encontro de Folias de Reis de BH foi o Santos Reis de Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O violeiro Antônio Fernandes da Silva, de 67 anos, mostrou a experiência acumulada em quatro décadas de cantoria para saudar Jesus. “Gosto da tradição e espero que ela se mantenha. Tocar e cantar aqui na praça é importante, pois podemos mostrar a diversas pessoas, principalmente aos mais jovens, a beleza dessa manifestação popular”, disse Antônio. Ao lado, o amigo e violeiro Santos Fiel Domingos, de 71 e participante da folia desde os 10 anos, lembrou que fazer parte do grupo é motivo de orgulho. “É um pedaço da nossa cultura”, afirmou, recebendo a confirmação dos colegas de jornada Devani Bernardes Cassimiro, de 67, e Artino Augusto Santana.

Mestre da folia de Lagoa Santa, Luiz Antônio Martins levou a família e ficou feliz ao ver o filho Luan Antonny, de 9, como um dos reis magos. “Ele representa a quarta geração de nossa família a integrar o grupo”, disse. Também se apresentaram os Conterrâneos de Contagem e folias do Bairro Marilândia e do Senhor Lázaro, ambas de Betim, e do Bairro Santa Rita, de Lagoa Santa, na Grande BH; Folia de Paraopeba e Pastoras de Paraopeba, na Região Central; de Itaúna, no Centro-Oeste; e grupos dos bairros Serra, Santo André e São José, e Pastorinhas da Cabana, em BH. A realização do encontro foi do Serviço Social do Comércio (Sesc), com produção da folclorista Dadá Diniz, da Comissão Mineira de Folclore. Ela disse que o estado tem cerca de 4 mil grupos que fazem a visita aos presépios em dezembro e janeiro.

A apresentação dos grupos, que começou às 18h, atraiu as atenções e olhares de quem saía do trabalho, passeava no Centro ou simplesmente curtia a tarde. “Está maravilhoso, faz a gente lembrar da infância no interior”, destacou o aposentado João Frade, de 85, morador do Barro Preto, na Região Centro-Sul e natural de Raul Soares, na Zona da Mata. De férias na capital e saboreando um sorvete para espantar o calor, a professora Roseni Veloso e o filho Gabriel, de 9, moradores de Senhora de Oliveira, na Zona da Mata, gostaram do que viram e escutaram. “Vou até ligar, do celular, para a minha família, em Senhora de Oliveira, para que eles ouçam a música. Na minha terra, há muitas festas populares, como congado e folia, e na escola fazemos um trabalho com as crianças sobre estas tradições”, disse Roseni.